ambientação

Jornadas Inacabadas – Ambientação

Um pouco sobre o cenário e ambientação.


!!! Não se preocupe, o conteúdo desse post tem classificação livre e pode ser apreciado por todas as idades !!!


“Aves de Rapina” estava cheia. Muito cheia. Tinha uma excelente localização, a dois quarteirões a leste da prefeitura. A taverna era a principal escolha de aventureiros e/ou mercenários que passavam pela cidade em busca de novos trabalhos. A prefeitura costumava publicar novos contratos no primeiro horário da manhã, em um quadro de madeira com pergaminhos milimetricamente alinhados como se alguém fosse pago só para realizar essa função. Então quem chegasse primeiro no local da divulgação podia escolher os melhores contratos que estavam a disposição. Entre as listagens haviam vários tipos de serviço, desde galinhas roubadas até tesouros desaparecidos, supostos ataques noturnos de criaturas misteriosas ou quem sabe uma escolta armada até um outro local.

A cidade se chamava “Rio Prateado”, graças ao rio homônimo que a cercava e protegia, com cerca de 100 metros de largura e águas com um tom estranhamente prateado. Não se sabe ao certo o motivo, mas uma lenda urbana diz que um dragão prateado habitava a região bem antes da civilização chegar e tinha uma certa mania de limpeza, se banhando com frequência no rio. Com os anos, as águas do rio foram ganhando tons prateados, da mesma cor das escamas do dragão. Novamente, apenas uma lenda urbana.

Uma grande força militar protegia a cidade devido a sua localização estratégica dentro do reino. Mas o exército era apenas utilizado em caso de ataques militares e para garantir a segurança cívil dentro dos limites dos portões. Qualquer outro trabalho específico não tinha influência da guarda e era por isso que Rio Prateado possuia inúmeros aventureiros buscando novos desafios. E por isso que Aves de Rapina era o lugar perfeito pra se encontrar o que você procurava. Não importa o tipo de pessoa, não importa o tipo de trabalho

A entrada era uma porta simples de madeira, com um escudo redondo e detalhes em metal pendurado no centro. Acima da porta, esculpida em argila e barro, uma figura de uma águia de asas levantadas e peito estufado, garras abertas como se estivesse preparando o bote para capturar sua presa e olhando diretamente pra quem se aproximasse. Apesar da entrada simples, quando se atravessava a porta a visão era completamente diferente.

Pelo térreo se estendia um grandioso salão. Mesas e cadeiras de uma madeira fina e não muito resistente se estendiam pelo recinto. Alguns diziam que os móveis custavam caro e o dono não queria gastar suas preciosas moedas com coisas tão fúteis, outros diziam que era pra ninguém ficar gravemente ferido em certas situações animadoras. O pé-direito era de certo modo baixo, pois no segundo andar se encontravam os quartos onde os aventureiros podiam passar a noite. Ao fundo do salão ficava o balcão e ao lado a escada que levava para os aposentos superiores.

O dono da taverna/estalagem atendia a todos que chegavam com um largo sorriso no rosto. Um humano de idade mais avançada, barbas brancas e um sorriso perturbador. Tinha um leve desvio no olho esquerdo, mas ele mesmo dizia que era a ótima ferramenta para quando a taverna estava muito cheia: “Um olho no peixe, outro no gato” – era a resposta de Eusébio quando alguém o encarava por muito tempo tentando entender pra onde ele realmente estava olhando. Um senhor gentil e bom humorado que tomava conta dos seus negócios como um camaleão.

Nesse dia não havia uma mesa disponível, todos estavam prestigiando “Morentello – o Bardo”, que estava em turnê pelo reino durante meses. A apresentação era dividida em três atos, onde em cada ato Monterello utilizava um instrumento diferente. Nesse momento estávamos no segundo ato, com o bardo e seu bandolin instigando boa parte dos clientes a levantar de suas mesas e dançar.

Responsável por servir os clientes, Olívia era a única filha de Eusébio e cuidava dos negócios junto do pai após o falecimento de sua mãe, a 5 anos atrás, vítima de uma doença desconhecida. Normalmente a jovem conseguia atender a todos somente com a ajuda do pai, mas Monterello tinha atraído um público muito grande para esta noite, então dois outros rapazes foram contratados como freelancers para ajudá-la. O concerto estava indo bem, até agora nenhuma briga no salão, nenhuma cadeira quebrada e nenhum calote – até onde se sabe – tinho sido dado.

Ao lado direito do balcão que Eusébio atendia e organizava tudo da melhor maneira possível havia uma outra porta de madeira, mais simples, que dava para uma outra sala que se estendia por baixo dos quartos da estalagem do segundo andar. A sala não era tão grande, mas possuia uma mesa redonda no centro, onde pessoas poderiam usar para conversar sobre negócios de forma mais privada, sem influência da algazarra que acontecia do lado de fora. Ao fundo dessa sala, um pequeno “Hall da Fama”, representando alguns heróis que fizeram feitos dignos de serem lembrados em Rio Prateado. Algumas armas penduradas, pinturas e até mesmo pequenos troféus alinhados em uma mesa de canto.

Olívia acabara de entrar com uma bandeija bem equilibrada. Um copo de cerveja, uma taça de vinho, um shot de rum e um copo de leite. Ao centro da mesa já haviam algumas carnes salgadas, pão e um par de maçãs. Em volta da mesa quatro indivíduos comiam e conversavam sobre as últimas semanas que haviam passado, enquanto esperavam possíveis contatos para um novo contrato. Um humano, uma anã, um gnomo e uma meio-elfa. Não é a combinação mais estranha que você possa ter ouvido falar sobre um grupo de heróis, ainda assim, eles pareciam bastante a vontade na presença uns dos outros.

Eles discutiam como deveriam se chamar enquanto um grupo, afinal, todo grupo de heróis que quer construir sua fama possui uma alcunha que todos no reino conhecem. A ideia era simples: cada um sugeria um nome e depois votavam, mas não era permitido votar na sua própria sugestão. A execução não era tão simples assim. No final da discussão o vencedor por votos foi “Os Desbravadores das Correntes Além das Águas do Rio Pratedo”. Decidiram então por esquecer a votação e deixar a escolha para um momento mais oportuno.

Após Olívia servir o último copo na mesa, um halfling com roupas rasgadas entra apressado pela sala, empurrando a porta com bastante força, suando por todos os poros de seu corpo e com as mãos cheias de sangue. “É aqui que estão hospedados Os Salvadores do Oeste“?

O gnome então fica em pé em sua sua cadeira, apoia o pé direito sobre a ponta da mesa, estufa seu peito o máximo que consegue, aponta seu florete para o inesperado visitante e com um sorriso de orelha a orelha se pronuncia:

– Meu amigo, nunca ouvimos um nome tão idiota em todas nossas vidas!

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